"A vida é um instante de raio na imensidão do céu e sua origem está nas grandes tempestades" (A canção de uma alma: da arte de aprender a voar com asas de metal)

terça-feira, 19 de setembro de 2017

Questões Tropa de Elite 2 e Texto “O Brasil reinventa o Totalitarismo”.



Filme:

1.   
 1.  Qual era o “esquema” dos policiais corruptos e como esse “esquema” evolui? (2 pontos).

2.Qual o discurso utilizados pelas milícias para justificar sua ação e qual o real objetivo deles? (1 ponto).

3.      Explique o real objetivo da invasão e tomada do bairro Tanque (2 pontos).

4.   Descreva a estratégia de fuga dos traficantes do bairro Tanque e por que essa estratégia fracassou? (1 ponto).

5.      Explique como funciona O “Sistema” utilizando os conceitos da microfísica do poder (2 pontos).

6.      Por que o policial “não aperta o gatilho sozinho”? (2 pontos).

7.     

Texto:
1.      O que significa o “bem” dos alemães? (1 ponto).
2.      Qual a diferença de tratamento do Estado em relação aos grandes empresários e a classe pobre e os movimentos sociais? (1 ponto).
3.      Em relação à desocupação da cracolândia (05 de janeiro de 2012), qual a justificativa e o real motivo? (1 ponto).
4.      Ao longo da história e na atualidade, quem foram os inimigos internos combatidos pelo aparato policial brasileiro? (2 pontos).
5.      O que é a “troca metafísica”? (1 ponto).
6.      Como o Major Vidigal (chefe da polícia do Rio de Janeiro na época retratada no texto) foi usado como “peça” no jogo político? (1 ponto).
7.      Quem se afigura como o “homem de bem” para o governo brasileiro e quem é caracterizado, dissimuladamente, como o mal? (1 ponto).

8.      Por que o autor prefere caracterizar a sociedade brasileira como “neo escravista” ao invés de “pós colonial”? (2 pontos).

  (Por que não vai ter Tropa de Elite 3?): https://www.youtube.com/watch?v=AC2eKZ0DMuU

http://congressoemfoco.uol.com.br/noticias/outros-destaques/o-brasil-reinventa-o-totalitarismo-a-nova-maquina-policial/ (link do texto)

sexta-feira, 10 de março de 2017

Questões Sol e Terra: pequeno conto metafísico

Após ler o texto “Sol e Terra, pequeno conto metafísico”, responda as questões a seguir.


1.      Podemos dizer que a ideia presente no texto se trata de uma “cosmologia”? Justifique sua resposta. (2 pontos).
2.      O que fez o homem criar uma crença aproximando-o de deus? (1 ponto).
3.      Por que o homem passou a se sentir senhor da natureza? (1 ponto).
4.      Quais foram os instrumentos criados pelo homem para justificar sua supremacia e qual o efeito disso? (1 ponto).
5.      Quais foram as últimas consequências da ambição do homem ao querer ter o controle do fogo? (2 pontos).
6.      O texto fala de um processo de alternância entre opostos mediados pelo fogo. Quais são os opostos que se alternam? (2 pontos).

7.      Faça uma análise crítica comparando a “verdade” para o homem e a “verdade” tal como são os fatos fundamentando com elementos do texto (1 ponto).


Sol e Terra: pequeno conto metafísico

Sol e Terra: pequeno conto metafísico
Bajonas Teixeira de Brito Júnior



Não necessariamente o mundo é o que vemos nas telas dos cinemas, das tvs e dos monitores. Muita gente desconfia disso, mas poucos se aventuram a investigar o assunto mais a fundo. É tão estranho como é, de algum modo, olhar direto para o sol. A luz fustiga nossos olhos e, por isso, desviamos a visão. É verdade que o sol cega, mas ficar cego pode ser o preço certo que se paga por não respeitar a dignidade do sol. É a luz do sol que nos deixa ver tudo. Foi por causa dela que a natureza criou nos animais antenas, sensores, e depois olhos, porque havia uma coisa deliciosa que a vida não podia ignorar, que era a luz. Com os olhos a vida saiu da monotonia do escuro em que só se apercebia de ecos surdos e reverberações muito tênues. Até então ela era cega como uma minhoca e apenas se contorcia no mundo subterrâneo. Ela não tinha olhos para ver. E os olhos só surgiram para isso: para ver a luz do sol. E não para ver o sol. O sol é a pura visão, a luz pura, mais pura que qualquer coisa pura desse mundo. Tudo que vemos, vemos através dela, por mercê dela, e por isso querer encará-la é uma ousadia nefasta. Ninguém vê aquilo através do qual vê as outras coisas.
Os vegetais, as árvores e tudo mais que vive colado na terra, viram que o calor era bom, e que senti-lo e poder crescer na direção do céu lhes bastava. Juraram lealdade à terra e ao prazer de viverem presos no frio úmido e escuro embaixo do solo. E viveram assim tranquilos, embora nem sempre em paz.
Os primeiros animais que pisaram na terra, só esses tinham olhos para ver o sol. Porque tinham olhos que ainda eram fracos para ver a luz nas coisas. Eram como membranas em que a luz das coisas batia como se fosse um vento. Algumas lufadas eram mais fortes e intensas. Eram as que vinham direto do sol e que mais os agradavam. Então eles, que ainda não enxergavam, podiam enxergar o sol. E não viam o sol. Não viam muita coisa. Viam só o que nós vemos hoje quando fechamos os olhos e olhamos para o sol. E como vemos dentro das pálpebras. Com cores cor de tijolo e vermelho formando abóbadas celestes, a sensação de quente e as membranas vibrando de vez em quando de prazer.
Por isso esses primeiros terrestres gostaram do sol. Eles amavam o sol. Porque quando havia sol, e eles olhavam para o sol durante algum tempo, eles sentiam uma grande felicidade. E quiseram sempre mais o sol até que a membrana foi se desgastando com a incidência de tanta luz, e começou a se tornar mais íntima da luz até virar um olho de verdade. Mas quando chegou esse dia, eles descobriram que já não mais podiam olhar direto para o sol. Tinham agora que se contentar em ver só a luz do sol refletida nas coisas. Mesmo assim, não esqueciam o prazer do sol, porque o sol continuava a aquecê-los e fazê-los viver. Exóticas religiões, séculos depois, iriam dizer que os adoradores do sol eram adoradores de ídolos. Quem dizia isso, já tinha esquecido que o sol foi o pai de tudo, que ele pôs os homens para andarem sobre duas pernas, e deu asas aos pássaros.
Quando chegava o inverno, tudo era muito difícil. Era preciso sobreviver às neves, às geadas, ao vento geladíssimo. Então, muitos morriam. Foi só quando uns animais que foram mais fiéis discípulos da luz, e por isso, começaram a desenvolver membros para tocar nas coisas com mais facilidade, e uma posição ereta para discernir as coisas mais longe, foi só nessa época, que os animais da luz conseguiram dominar uma faísca do sol. Eles fabricavam um pequeno sol. Usando madeira e lenha, eles invocavam os poderes da luz e, de repente, uma chama surgia em resposta. Só aos seus sacerdotes mais elevados era lícito lidar com fogo, assim como mais tarde, só eles conheceriam os segredos mágicos da escrita. A madeira, na qual o espírito do fogo fazia sua aparição quando convocado pelo ritual, também era sagrada. E suas fogueiras ficavam protegendo-os nos invernos. Iluminando suas cavernas. Afugentando os animais a quem apetecia a carne humana. Nenhuma das façanhas dessa raça foi mais santa que essa. E também nenhuma deixou-a mais perto de deus.
Nessa época os homens conheciam deus, e o chamavam pelo nome de sol. Pensando sobre ele, sobre como criou todas as coisas, e como todas as coisas nele de novo se absorviam, os homens se alegravam porque sentiam ser os seus pensamentos mais ousados. Era o que exigia que fossem mais brilhantes. Os mais iluminados. Então, quanto mais pensavam os homens, mas sentiam que eram filhos da luz. O sol regia todas as coisas. Fazia crescer as plantas, degelar os rios, reproduzirem os animais. O sol tinha o maior poder. Por isso, também queimava e matava de sede. Também destruía com os raios, que eram os dardos do sol. Mas um dia aconteceu algo estranho.
Um homem, que seguia com uma tocha durante a noite, viu que os outros animais, todos, todos, tinham medo do fogo. Então, nesse dia, ele começou a tentar explicar o que acontecia. No fim, ele encontrou a resposta: que com a sua tocha, ela carregava um pouco do sol, o astro rei. E que quando os animais fugiam ao vê-lo passar, era porque queriam se esconder da sua supremacia. Não conseguem olhá-lo, assim como ele não conseguia fixar o sol. A partir daí, seu raciocínio andou muito rápido. Ele então, considerando tudo, gritou com pavor quando deu a luz a mais insólita teoria, a mãe de todas as teorias: que o homem era o sol dos animais. Que todos deviam obedecer-lhes ou serem mortos com justiça por ele, se ousassem ataca-lo. Ele, o homem, era o senhor de todos os animais da terra, do mar e dos ares. Como segundo sol, e senhor dos animais, ele era o sacerdote do sol na terra. O seu filho e representante. Por isso, ele podia assar a carne dos animais. E fazia isso em sacríficos, para que a fumaça das gorduras, queimadas pelo fogo que lhe foi dado por seu pai, subisse para alimentar a alegria do sol.
Desde esse dia, o homem não parou de afagar e lamber com pensamentos essa ideia de ser o rei e o deus dos animais. E de ser o rei e o deus do mundo. O dono da luz e de todas as luzes. Ele usou para suas ideias a palavra “teoria”, que significa “visão”. Só ele participava da visão do sol, de quem nada consegue se esconder. Por isso, o homem criou a filosofia e a ciência. Para que elas provassem por a + b a sua própria superioridade. E elas, com prazer, provaram a superioridade do homem. E, para mostrar essa força, ajudaram o homem a desenvolver suas armas de fogo.
Quando isso aconteceu, o brilho que o homem havia herdado do sol se transformou em fogo de morte; em grandes incêndios, em armas de fogo, em câmaras crematórias de campos de concentração, em foguetes, em aviões lançando granadas, em bombas atômicas. Tudo que queimava, carbonizava, pulverizava interessava ao homem. O motivo era simples.
A luz do homem se tornou tão potente que era preciso, que dentro dessa raça surgisse uma camada mais fina, mais concentrada e fervente. Era como quando viramos uma lupa até que a luz do sol, a atravessando, produza um foco bem fino sobre uma folha seca. Então esse calor queima muito. E surge fogo. Agindo assim, os homens queriam decidir de uma vez por todas quem seria o mais intenso foco de luz. Quem dominaria todos os outros, porque seria o mais radiante. O mais perigoso. O mais parecido com o sol. Um sol gelado que queimaria mais que qualquer gelo. Os nazistas achavam que eles eram os mais solares. E faziam desfiles noturnos portando tochas pelas ruas do país. E sobreveio a conflagração. O mundo ardeu por anos. Milhões de vidas foram destruídas e continentes viraram destroços. Dos homens, o que mais se via, eram as caveiras. Ou seja, os homens com tanta luz, podiam ver em profundidade dentro de si mesmo. E só viam esqueletos.
Hoje estamos no meio do incêndio. A máquina gira, e ela precisa de energia para produzir combustão. Ela precisa de petróleo, que é altamente combustível. Ela precisa cada vez mais produzir fogo. E para isso, queima as florestas, para produzir carvão, que irá produzir fogo. Ela precisa de energia atômica para alimentar a sua fome de fogo e de energia. Da energia digital, para alimentar sua fome de velocidades que se aproximem da luz. Da energia de nossos corpos e de nossos sonhos, para aquecer os mercados e fazer subir a temperatura nas bolsas. As multinacionais, as grandes corporações, os grandes mercados – tudo se une para produzir calor e gerar mais vida. Por que mais energia é mais dinheiro, que é mais vida. E é mais saber. E também mais prazer. Mais alegria. E o rei das nações, os EUA, despeja fogo sobre o mundo numa “guerra infinita”. Assim ele pretende gerar mais poder. E mais vida, porque mais poder é mais vida. E é mais saber. E também mais prazer. Mais alegria. Enfim, tudo para buscar emparelhar, um dia, o poder do sol. E depois, quando chegar a hora, golpeá-lo mortalmente, tal como Zeus fez com seu pai Uranos.

Depois de descobrir que era o filho predileto do sol, o homem começou a implodir a terra sob seus pés e, agora não há mais terrenos firmes. Só areias movediças. Por isso, a cada salto que o homem dá querendo tocar o sol, mas ele afunda no subsolo. No sub solar. No mundo sub lunar. A catástrofe não está próxima. Ela já começou. Sobrevivemos, mas sobreviver não é viver. É o único caso em que o “sobre” significa “menos”, e não “mais”.