“As supremas formas do belo são: a ordem, a simetria e a proporção, e as matemáticas os
dão a conhecer mais do que todas as outras ciências” – Aristóteles, Metafísica,
XIII, 3, 1078b, 35).
A
estética de Aristóteles definiu o belo como um conjunto de relações formais que
são constantes em uma série de objetos diferentes. É uma definição muito
aplicada na produção das artes visuais desde os gregos. Explicitamente ou não,
grande parte da produção visual dos gregos, góticos, renascentistas e muita
arte moderna utilizou-se de aspectos formais de ordem, simetria e proporção
como uma norma criativa.
O
primeiro dos conceitos que, segundo Aristóteles, pode qualificar uma obra como
bela é o conceito de ordem. A ordem
é a disposição metódica dos elementos visuais segundo certas relações
preestabelecidas. Pressupõem-se, aqui, duas situações distintas. Primeiro, um
elenco de elementos visuais que possam ser arranjados, isto é, cores, formas,
pinceladas etc. Em segundo lugar, um conjunto de normas sob a determinação das
quais aqueles elementos são arranjados.
Na
história da imagem, a geometria era
a principal norma sob a qual se organizavam os elementos visuais com o intuito
de obter ordem. A geometria funcionaria como uma espécie de pano de fundo, de estrutura,
sobre a qual os elementos visuais eram dispostos. A imagem cujos elementos
visuais fossem organizados de acordo com uma estrutura geométrica era
considerada bela, dentro desta tradição estética.
É
denominada simetria a semelhança
entre objetos (ou partes de um objeto) que estejam posicionados em lados
opostos de uma linha média. Por exemplo, um rosto é simétrico. Se traçarmos uma linha imaginária desde a testa,
passando pelo nariz, e terminando no queixo, veremos que os olhos se posicionam
simetricamente de um lado e do outro daquela linha.
Na pintura As três Graças, de Rafael,
pode-se ver como o artista desdobrou a composição simetricamente em torno a um
eixo vertical que correspondente ao corpo da Graça que está de costas para o
observador. Os gestos das outras duas Graças repetem-se, de um lado e de outro
a este eixo vertical, como se fora um espelho.
A
proporção é estabelecida a partir da
comparação entre duas medidas. Tomadas duas medidas quaisquer – a altura e a
largura de uma pessoa, por exemplo, ou a altura da cabeça de uma pessoa e a
altura de todo o seu corpo, ou a largura do olho e a largura da cabeça etc. -
estabelece-se um denominador com o qual se equiparam as duas medidas entre si.
As
proporções mais simples são as razões numéricas da ordem de 1:1, isto é, a
primeira medida considerada é igual à segunda medida; 1:2, onde a primeira
medida é a metade da segunda e assim por diante.